HISTÓRIA DA VILA MORRO GRANDE UM BAIRRO DA FREGUESIA DO Ó
Introdução
Neste breve relato escrito por Deivid Henrique da Silva, pesquisador, natural do mesmo bairro citado e nascido no dia 14 de fevereiro de 1984 no hospital Nsa Sra. Do Ó, vem complementar e introduzir novos fatores e relatos de que a Vila Morro Grande, situado a nordeste do distrito da Freguesia do ó e conhecido por fazer divisas com os distritos de Pirituba a Oeste e Brasilândia a nordeste, caracterizando uma tríplice fronteira distrital geograficamente falando.
O bairro desde sempre quase pouco citado em livros foi alvo de uma pesquisa minuciosa com a intenção de resgatar a sua história real assim como de seus fundadores e benfeitores em outrora.
O Início
Quando falamos em Freguesia do ó, um dos distritos mais antigos da cidade de São Paulo, hoje com 439 anos não podemos deixar de citar a Igreja de Nsa Sra do Ó, paróquia essa sobre a qual toda história dos bairros tem seu início e acontecimentos muito vinculados a esta sociedade.
A busca girou em torno de matérias ou relatos de jornais da época, o qual se tratavam de fontes fidedignas de informações concretas e exatas baseadas em fatos ocorridos durante a narrativa cronológica destes acontecimentos.
Primeiros Relatos
No ano de 1875, três anos após imposição do Ministério do Império o Brasil inteiro faz o primeiro recenseamento científico no padrão europeu, com estes dados a Freguesia do Ó contava com 2023 habitantes distribuídos em 319 residências, os escravos eram ignorados no censo, mas foram mensurados como 315 elevando um pouco este número.
Este ano marca o início do bairro Morro Grande, quando em um edital relatado no jornal Correio Paulistano de Agosto em que um juiz de órfãos chamado Dr Belarmino Peregrino da Gama Mello em texto escrito pelo escrivão Manoel Eufrásio de Azevedo Marques, coloca em leilão a parte do menor “Fortunato” filho de João Antônio Domingues um terreno no valor de 200 contos de réis no lugar denominado Itaverava (Antiga Vila Itaberaba ou Morro Grande) conforme observamos abaixo:
- Lista
de cidadãos votantes para Junta Municipal
No ano seguinte 1876 a paróquia de Nsa Sra do Ó relatava em lista separada por quarteirões, cidadãos qualificados votantes para a Junta Municipal, com uma maioria esmagadora de pessoas católicas é fácil ter informações de locais e famílias ao redor da igreja, pois muitos destes participavam ativamente das atividades locais. Nesta lista observamos novamente alguns nomes de famílias que moravam no Morro Grande já em 1876 como visto abaixo:
138 – Francisco José de Oliveira, 28 anos, solteiro, lavrador, sabe ler, não é elegível, filho de Luiz Pedroso de Oliveira, Morro Grande, 300$ de renda presumida.
163 – Luiz Pedroso de Oliveira, 65 anos, casado, lavrador, sabe ler, elegível, filho de José Pedroso de Oliveira, Morro Grande, 1000$ de renda presumida.
164 – Luiz Pinto de Moraes, 23 anos, solteiro, lavrador, sabe ler, não é elegível, filho de Luiz Pedroso de Oliveira, Morro Grande, 300$ de renda presumida.
Outros moradores citados como sendo de outros bairros pertencentes a Freguesia do ó como Guaimim, Palmeiras, Cruz das Almas, Rio Verde e Pirituva(Atual Pirituba) dão credibilidade a listagem incluída no jornal Correio Paulistano daquele ano. Vou ressaltar aqui também uma localidade chamada Retiro, onde mais a frente abordaremos um dado importante e pouco mencionado em toda busca pelas informações deste vilarejo.
A Estrada de Ferro e o trajeto até ela. (Estrada do Bom Retiro)Lista geral dos cidadões da paróquia de Nsa Sra do ó em 1876 - Correio Paulistano
No ano de 1885, precisamente em 1º de Fevereiro foi inaugurada pela SPR a estação de Pirituba neste momento ocorreu um boom populacional ao entorno da estação, com isso moradores do Morro Grande deveriam encontrar uma alternativa de rápido acesso a época para chegar à estação, como a única estrada que temos ciência que cortava a vila e mais antiga se chamava Estrada do Congo (Atual Elisio Texeira Leite) não dava acesso a estação, alternativas deveriam ser criadas, em um relato de agosto de 1911 no jornal Correio Paulistano há uma indicação(854) que dizia o seguinte.
Em Nome dos moradores do bairro, pedimos que o sr. Prefeito mande concertar a estrada que liga o Morro Grande á estação Pirituba. A estrada que é uma das mais importantes daquela zona, está realmente intransitável. – Sala das sessões, 25 de agosto de 1911. – Alcantara Machado, Armando Prado. – A Prefeitura.
O Ano se passou e em 1912 outra indicação (258) desta vez renovando o pedido.
Renovo a indicação que fiz há tempos para que o sr. Prefeito mande concentar a estrada de rodagem que liga Pirituba a Morro Grande. – Sala das Sessões, 14 de junho de 1912. – Oscar Porto – A Prefeitura.
Posteriormente foi liberado para 1913 um orçamento de despesa para o serviço de regularização da estrada do Bom Retiro entre Morro Grande e a estação Pirituba, autorizado a Diretoria de Obras Municipais.
Alguns fatos a serem elucidados com esta parte da história.
- Não conseguimos encontrar nenhuma informação sobre a construção desta estrada entre 1885 e 1911 ano em que foi solicitado reparos.
- Pelo atual cenário uma pessoa a pé em bom estado de saúde levaria 45 minutos caminhando do ponto central (Praça Sta Clara de Assis) até a estação de Pirituba num trajeto de aproximadamente 3,6Km.
- Há hipótese de que o nome Bom Retiro seria referente ao povoado ali assentado conforme mencionamos anteriormente na parte 4. Este trajeto seria entre por onde hoje se encontram a Vila Yara e Vila Progresso cortando a Vila Zatt. Hoje ainda neste local temos a Paróquia Nossa Sra do Retiro localizada no entroncamento da AV Herminia Fidélis e rua Domingos Moreira na atual Vila Mirante (Pirituba) essa fundada em 15/08/1960